O cenário da água no Brasil e no mundo
São Paulo viveu em 2015 sua maior crise hídrica desde 1930. O esgotamento do Sistema Cantareira, que abastece 8,8 milhões de pessoas, não foi causado pela falta de chuva, mas pela alta taxa de urbanização desenfreada e desorganizada, que polui os rios com esgoto doméstico, efluentes industriais, e mata as nascentes pelo desmatamento. Isso sem contar com o desperdício por vazamentos na rede de distribuição e uso indiscriminado.
A crise em São Paulo chama a atenção pelo ineditismo, mas no semiárido nordestino 10 milhões de brasileiros convivem com a estiagem ano após ano. É irônico que, sendo o Brasil um dos países mais ricos em recursos hídricos, abrigando 12% de toda a água potável do mundo, 72% de nossas reservas encontram-se nos rios da Região Norte, onde vivem menos de 5% da população nacional.
Há diversos pontos do mundo em que a escassez hídrica, que atinge 11% da população mundial, é motivo de êxodo. A oferta de água corre o risco de entrar numa crise profunda, pressionada pelo crescimento demográfico, mudanças climáticas, contaminação e desperdício. A falta de água afeta não só a saúde humana, mas o desenvolvimento socioeconômico e o rumo das relações entre nações.
A ONU estima que, se as políticas em relação a água não mudarem, 1,8 bilhão de pessoas estarão vivendo em zonas muito secas e dois terços da humanidade estarão sujeitos a alguma restrição no acesso de água já em 2025. Atualmente, uma a cada nove pessoas no mundo não tem acesso à água potável em quantidade necessária para garantir sua saúde.
Existem fatores naturais que limitam o volume de água disponível para os seres humanos. Muitos povos vivem em zonas áridas, e mesmo regiões ricas em recursos hídricos podem passar esporadicamente por secas que afetam os mananciais. Isso sempre foi assim. A diferença, na situação atual, é que enfrentamos uma ameaça de escassez crônica de proporções globais cuja grande causa é a atividade humana.
Triste exemplo foi o que aconteceu no Rio Doce, em Minas Gerais. Com o rompimento da barragem de rejeitos tóxicos da mineradora Samarco, localizada na cidade de Mariana, a onda de lama matou tudo que encontrou pela frente, deixando os municípios que eram abastecidos pelo rio impossibilitados de utilizarem sua água.
Nossas sociedades, construídas de costas para os rios, precisam construir novos elos afetivos com os rios e matas ciliares, para que este cenário de escassez seja revertido. O Projeto Douradinho quer oferecer às crianças do Brasil e do mundo a inspiradora história do peixe cascudo Douradinho, que diverte, emociona, joga luz em questões essenciais para a convivência pacífica da humanidade com nossos recursos naturais e motiva a criação de ações ambientais transformadoras.